Cinco razões para o Porto campeão


Era a época em que, à partida, o FC Porto arrancava com menor probabilidade de ser campeão das últimas décadas. Mas uma conjugação de contrariedades acabou por se tornar na razão para o sucesso desta equipa cheia de "patinhos feios".

O garrote da UEFA

Se há coisa que os grandes têm tentação de fazer todas as épocas é contratar novos jogadores. Seja para agradar aos adeptos ou para encher os bolsos de alguém com comissões. Mas, muitas vezes, esses reforços têm menos qualidade e menor conhecimento do futebol português do que atletas que já estão nos quadros do clube. 



Esta época a intervenção da UEFA no FC Porto devido ao fair play financeiro impediu o clube de se lançar em negócios ao estilo Imbula ou Adrian Lopez e de não ter outro remédio a não ser aproveitar os bons valores que nos últimos anos tinham tido o rótulo de dispensáveis, como Ricardo, Marega ou Aboubakar, e que se revelaram pedras-chave para o título.

Sérgio Conceição

A esta altura talvez muitos já não se lembrem. Mas Sérgio Conceição não foi a primeira opção para o banco dos azuis e brancos. Gorada a possibilidade Marco Silva, Pinto da Costa avançou para o antigo extremo. No início as apostas eram de que o carácter temperamental do técnico acabasse por resultar em conflitos com jogadores ou mesmo com a estrutura do clube. O episódio da ida de Casillas para o banco ainda fez temer algo desse género. Mas acabaria por se resolver tudo a bem.

Além do que muitos chamam mística, ganas ou motivação, o comando de Sérgio Conceição não se fez apenas de motivação a transformar patinhos feios em figuras da época. E foi quando surgiram algumas lesões de peças essenciais, como Danilo, que se revelou também a criatividade do treinador em arranjar soluções. Por exemplo, sacou da cartola uma dupla no miolo composta por Sérgio Oliveira e Herrera, uma solução que deu muito bons resultados para os azuis e brancos.

Herrera

Era o patinho feio que tinha sido crucificado pelo canto desnecessário contra o Benfica na época passada. Mas com Conceição o mexicano assumiu-se como um "capitão à Porto". Foi quase omnipresente nas manobras ofensivas e defensivas da equipa. E nem se notou a ausência de Danilo para o escudar no miolo do terreno.

A importância de Herrera está bem patente em algumas estatísticas trabalhadas pelo Goalpoint. O mexicano esteve no top 5 dos jogadores da liga em aspetos como as recuperações de posse de bola, e no número de passes eficazes. Além de tudo isso, foi o autor daquele que terá sido o golo do título, abatendo as aspirações das águias.


Marega

Foi a liga do Marega. O maliano que era gozado há uns anos por adeptos rivais passou de patinho feio a um dos grandes destaques da liga. A velocidade e poderio físico de Marega foi um terror para as defesas adversárias. O avançado azul e branco fez 22 golos e quatro assistências. Esteve envolvido em mais de 30% dos golos do FC Porto na liga



Marega foi o segundo jogador com mais remates enquadrados por 90 minutos, segundo o Goalpoint. E fechou o pódio dos atacantes que precisam de menos tempo para facturar na liga portuguesa. Mas mais que as estatísticas, bastou ver a quebra de rendimento da equipa de Conceição quando não conseguiu contar com o maliano.

Vamos a exemplos. Excluindo embates com Benfica e Sporting, o FC Porto apenas não conseguiu marcar em três partidas (nas deslocações a Moreira de Cónegos, Restelo e Paços de Ferreira). Em duas delas, não contou com Marega, o que resultou nas únicas derrotas dos dragões na liga (Belenenses e Paços).

Após o golo de Herrera na Luz, Marega praticamente formalizou o título nos Barreiros, uma deslocação que é sempre de grande sofrimento para o FC Porto.




Alex Telles

No vídeo anterior, o papel principal é de Marega. Um pouco semelhante ao que a crítica tem considerado, enaltecendo o papel do maliano, de Sérgio Conceição e a afirmação de Herrera como ingredientes para o título. Mas tal como no vídeo do golo nos Barreiros, há uma personagem discreta que teve também um peso muito importante no sucesso do FC Porto.

Alex Telles foi uma máquina de dar golos a marcar na liga portuguesa. É o rei das assistências, com 13 passes certeiros e ainda assinou três tentos. Está no pódio dos jogadores com mais ocasiões flagrantes de golo criadas, segundo a GoalPoint (atrás de Jefferson e de Cervi). Foi ainda o jogador com mais passes por 90 minutos para finalização e um dos mais eficazes a cruzar. Isto sem comprometer a estrutura defensiva da equipa.

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Foto: FC Porto

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