O que é feito de Bruno Vale?

Bruno Vale é um dos heróis do Apollon Limassol.

A efeméride do dia é a primeira participação de Cristiano Ronaldo num jogo da Selecção Nacional. A estreia de CR7 ocorreu precisamente há dez anos, num encontro em Chaves frente ao Cazaquistão. Mas nesse jogo amigável houve um outro 'rookie' a vestir pela primeira vez a camisola das quinas. E que provou que por cada jogador estilo Pelé que é lançado aparece um Zé que não se consegue afirmar. Falamos do guarda-redes Bruno Vale.

Foi a única internacionalização do guardião formado nas escolas do FC Porto e que, em 2003, era a terceira opção para a baliza dos azuis e brancos, tapado por Vítor Baía e Nuno Espírito Santo. Bruno Vale foi uma das apostas de Scolari, após o guardião ter cimentado uma carreira sólida nas selecções jovens, com 34 internacionalizações pelos sub-20 e pelos sub-21. Fez parte da equipa das quinas que participou nos Jogos Olímpicos de Atenas em 2004 (competição em que foi suplente do antigo benfiquista Moreira) e assumiu a baliza dos sub-21 em dois campeonatos europeus desse escalão.

Mas apesar do início da carreira de Bruno Vale ter sido promissora, o azar foi uma constante no percurso do atleta. Em 2006, Scolari integrou o guardião na convocatória para o Mundial 2006. Mas poucas semanas antes da competição iniciar, Vale lesionou-se na fase final do Europeu de sub-21. Antes disso, havia tido a infelicidade de marcar um auto-golo no primeiro jogo dos sub-21 no Euro 2006. Acabaria sendo substituído na convocatória de Scolari por Paulo Santos e nunca mais apanharia o comboio da selecção principal. Pior que isso, nunca se conseguiu afirmar no futebol português.

Sem conseguir encontrar o seu espaço no FC Porto, Bruno Vale viu os dragões optarem por sucessivos empréstimos para lhe darem alguma rodagem. Esteve no Estrela da Amadora em 2005/2006, sendo dono e senhor da baliza da Reboleira e ajudando o clube a terminar a meio da tabela. Na temporada seguinte foi cedido à União de Leiria, mas não conseguiu tirar o lugar ao brasileiro Fernando Prass. Seguir-se-ia uma experiência na II Liga pelo Varzim. Mas mesmo no segundo escalão não conseguiu a titularidade, sendo preterido na maior parte dos jogos em favor de Bruno Conceição.

Após ter sentido o peso do banco de suplentes na II Liga, Bruno Vale ainda teve mais duas oportunidades na I Liga. O FC Porto emprestou-o ao Vitória de Setúbal em 2008/2009 e ao Belenenses em 2009/2010. Nos sadinos, o guarda-redes ainda foi a primeira escolha no início da temporada, mas rapidamente perdeu o lugar após ter sofrido cinco golos num encontro da UEFA contra os holandeses do Heerenveen. Viu o polaco Kieszeck reclamar o posto de número um do Vitória. No Restelo, o percurso foi inverso. Começou como segunda opção mas assumiu o lugar da baliza na segunda volta do campeonato. Mas sem grande sucesso, já que o clube da Cruz de Cristo acabaria por ser despromovido.

Após a passagem por Belém, Bruno Vale terminou a ligação contratual com o FC Porto. Passou as duas épocas seguintes na Oliveirense e na temporada passada rumou a Chipre para representar o Apollon Limassol. E na ilha do Mediterrâneo aparentou ter encontrado a tranquilidade para se revelar um patrão da baliza. Foi titular indiscutível e sofreu menos de um golo por jogo. Foi determinante para a equipa conquistar uma Taça de Chipre. Mas aos 30 anos, estará ainda a antiga promessa das balizas portuguesas em condições de recuperar uma carreira perdida?

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