Passados dois jogos do mundial de sub-20 da Turquia já dá para ter uma ideia do que vale a nossa selecção como equipa e na particularidade de cada um dos seus jogadores. Com uma vitória e um empate até agora, fica a ideia de que se trata de uma geração repleta de talentos, mas com muitos desequilíbrios a nível táctico, principalmente na fase defensiva do jogo.
Partindo do princípio claro que um equipa é mais do que a soma das partes, vou tentar deixar-vos a minha impressão sobre cada jogador e o seu desempenho a nível sectorial.
Na baliza e até ao momento só actuou um guarda redes: José Sá. Actuou na última época pela equipa B do Marítimo depois de uma passagem pelos juniores do Benfica e parece-me um jogador com um potencial enorme para a posição. Com uma estampa física invejável, é forte no jogo aéreo e bom entre os postes. Com a idade, a tendência é evoluir.
Chegamos à defesa, que me parece o sector com mais problemas. No primeiro jogo actuou João Cancelo e hoje frente à Coreia do Sul, Edgar Borges apresentou Tomas Dabo, lateral do Sporting de Braga. Entre estes dois laterais parece-me que João Cancelo é claramente mais forte que Dabo. Para além de ser mais alto que Dabo o que o torna mais forte no jogo interior é um jogador que percebe melhor todos os momentos da partida, nomeadamente quando deve pressionar ou conter.
No que diz respeito aos centrais muitos problemas também. Até agora jogaram três: Ilori (Sporting), Tiago Ferreira( Porto) e Edgar Ié(Barcelona). Destes três Tiago Ilori é claramente o mais forte de todos, rápido na antecipação e a sair a jogar, necessita apenas de melhorar o jogo de contacto com os avançados contrários. Tiago Ferreira e Edgar Ié têm na minha opinião o mesmo problema: a facilidade com que perdem a posição e deixam espaço nas costas. No jogo de hoje os dois golos dos Coreanos resultam exactamente de dois momentos em que Ié perdeu posição. Um aspecto a rever.
No meio campo, curiosamente o sector onde me parece que temos melhores jogadores, tem estado um dos grande défices da equipa. Com Agostinho Cá na posição 6, Portugal não consegue garantir equilíbrios. Até pode garantir mais qualidade na saída de bola, mas até pela estampa física não consegue ganhar nos duelos. Ricardo Alves(Beleneneses) parece-me claramente a melhor aposta para a posição, conjuga agressividade e qualidade na construção de jogo e garante uma transição defensiva mais eficiente.
Mais à frente João Mário(Sporting) tem sido indiscutível e percebe-se porquê, é claramente o jogador mais maduro desta equipa e bola dos seus pés sai sempre jogável. No jogo de hoje Edgar Borges fez entrar Tozé( Porto) e o jogo entre linhas melhorou consideravelmente. Rápido e jogando sempre a um dois toques abriu mais espaço nas laterais, para além do resto é muito agressivo na hora de visar a baliza contrária. Já André Gomes( Benfica) tem passado ao lado deste mundial e não se percebe bem porquê, sem intensidade para pressionar, garante ainda assim alguma vantagem no jogo aéreo.
Na frente de ataque têm estado os dois maiores destaques desta selecção: Bruma e Aladje. O extremo do Sporting já leva três golos e a sua verticalidade tem destroçado as defesas contrárias. Falta talvez melhorar o momento de assistir os colegas que não tem sido famoso. Já Aladje(Aprilia) fez um golo em cada partida. Não é um jogador de tabela, nem de se envolver na construção de jogo mas um jogador de último toque que tem cumprido com a sua missão. Quanto ao terceiro elemento do ataque, Edgar Borges tem oscilado entre Esgaio(Sporting) e Ricardo(Guimarães). Ricardo, recém contratado para o Porto, é um jogador de último terço, forte do meio campo para a frente, mas débil na forma como apoia o lateral. Esgaio é precisamente o contrário, garante equilíbrios defensivos mas é pouco agressivo na hora de encarar a baliza. Parece-me que Ivan Cavaleiro seria uma opção mais válida e um meio termo entre estes dois jogadores
Espero que a tendência não se mantenha, mas normalmente as equipas campeãs baseiam o seu êxito numa defesa forte. E neste momento não somos uma equipa forte nesse aspecto.
O Edgar Borges disse que os problemas da defesa estavam identificados e que se devem a erros individuais (nomeadamente no posicionamento). O que se pode fazer para evitar esses erros?
ResponderEliminarDuas coisas...numa defesa normalmente temos um central mais agressivo na marcação e um que sobra. Na minha opinião o problema principal passa pelo facto de todos os centrais que têm jogado terem tendência para jogar na antecipação. Há que definir quem encosta no avançado e quem sobra(idealmente será Ilori, pela velocidade a sobrar).
ResponderEliminarOutra questão passa pela posição 6 que com Agostinho Cá não consegue garantir transições defensivas de qualidade. Ricardo Alves ou até mesmo o recuo de João Mário pode ser a solução.