O que é feito de Artur Jorge?


Bigode? Inconfundível. Atitude? Requintada. Paixões? Poesia e pintura. Porque a vida não é só futebol. Numa jornada com um FC Porto-Académica, importa lembrar Artur Jorge Braga Melo Teixeira, o avançado dos pontapés-de-moinho que, muito antes de ser campeão europeu à frente dos portistas na épica final de Viena, marcada pelo calcanhar de Rabah Madjer, a 27 de Maio de 1987, jogou no Porto, estudou e distinguiu-se em Coimbra com a Académica, ganhou estatuto de goleador no Benfica dos anos 70 (duas vezes melhor marcador do Campeonato) e terminou a carreira com a camisola do Belenenses, além de ter representado a selecção nacional. Em 72 ajudou a fundar e liderou o Sindicato de Jogadores. Nascido a 13 de Fevereiro de 1946, licenciado em Filologia Germânica e com curso de técnico obtido em Leipzig, como treinador é longo o percurso: iniciou-se em Portimão e tem passagens por destinos tão diferentes como Coimbra, Antas, Luz e Paris, selecção nacional, da Suíça e dos Camarões, Tenerife, Vitesse, CSKA Moscovo ou Al-Hilal, entre outras. Nem sempre viveu de sucessos: no Benfica a aura de jogador de classe na década de 70 sofreu abalo em 94/95 com acusações de ter, como treinador, desmantelado a equipa campeã nacional da época de 93/94 e o episódio mais incrível é a agressão de que foi alvo por parte de Sá Pinto, na passagem pelo comando técnico da selecção.

Porque a vida não é só futebol, passou a estar mais tempo com a família, dedicou-se à leitura e a ver cinema. As paixões não se desvaneceram. A atitude permanece cavalheiresca. Já só desapareceu mesmo o inconfundível adereço entre o nariz e o lábio superior.

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